Num golpe para a regulação de multinacionais na União Europeia, Alemanha, França e Itália bloquearam uma lei que visava fazer cumprir os direitos humanos e mitigar o impacto negativo das grandes corporações em países terceiros. A diretiva de diligência devida, que previa multas por abusos como trabalho infantil, exploração laboral e danos ambientais, não conseguiu obter a maioria necessária para a sua ratificação.
Esta rejeição, liderada pela Alemanha e apoiada por França e Itália, frustrou os esforços para responsabilizar as grandes empresas por suas ações e as de sua cadeia de suprimentos em termos de sustentabilidade e direitos humanos. A regulamentação buscava impor obrigações para combater a exploração laboral e a poluição, entre outros aspectos, com multas de até 5% do volume de negócios das empresas. As empresas afetadas seriam aquelas com mais de 500 funcionários e um volume de negócios global superior a 150 milhões de euros, ou com mais de 250 funcionários e um volume de negócios superior a 40 milhões de euros em certos setores. Cada país teria que designar uma autoridade supervisora para garantir o cumprimento das normas.
O argumento principal por trás do bloqueio, liderado pelos liberais alemães, é que a nova diretiva implicaria uma carga burocrática adicional para o comércio. Essa decisão causou decepção entre as forças progressistas no Parlamento Europeu e organizações sociais, que lamentam a falta de ação para proteger as pessoas e o planeta.
Nas palavras de Heidi Hautala, vice-presidente dos Verdes, esse bloqueio representa um “dia triste para os direitos humanos, o meio ambiente e a competitividade das empresas europeias”, criticando os estados membros por quebrarem o acordo no último momento.